sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Alfabetização e tecnologia no mundo das Marias

Mesmo com o sugimento das novas tecnologias, e a suposta “inclusão digital”, a sociedade ainda convive com excluídos. Não falo apenas economicamente, mas sim daqueles que não conseguem sequer assinar seus próprios rgs ou ainda auxiliar seus filhos nos deveres escolares.
Maria Feliciana, 70 anos, imigrou para São Paulo em busca de novas oportunidades, no entanto, não obteve sucesso, pois não sabia ler e escrever. E por isso, ainda hoje é coletora de papelão e aluminio nas ruas da Cidade Grande. Em entrevista cedida a mim, Dona Maria disse que sente muita falta das “letras”, pois acredita que com elas, teria tido um futuro melhor, e não necessitaria desse trabalho tão cansativo.
Maria contou também, que por não ter o conhecimento da leitura, não tem assinatura em seu RG, e isso, segundo ela, é a maior vergonha que uma pessoa pode passar.. Perguntada sobre filhos, Maria disse ter tido dois filhos, que estudaram um pouco, mas não se formaram (Maria não soube informar o grau de estudo de seus filhos). Minha entrevistada relatou ainda, que quando seus filhos começaram a estudar, ela se sentia muito mal por não poder auxiliá-los nos deveres e também por não compreender os bilhetes que as professoras mandavam nos cadernos, e devido a isso, nunca foi em uma reunião de pais.
O relato de Maria Feliciano exemplificou o que mostra diversos filmes de ficção, como o filme Central do Brasil, no qual Dora, uma professora, ganha a vida escrevendo cartas áqueles que , como Dona Maria, não sabem ler e escrever. Esta é uma realidade muito dura que nem mesmo o progresso tecnologico pode erradicar. É necessario um maior investimento na alfabetização destes adultos, principalmente nas sociedades amigos de bairro, para assim, atender cada uma destas pessoas num local bem próximo de suas residencias.